Quando comecei minha jornada de palestrante, eu tinha a obsessão de tentar resolver um grande problema que todo palestrante tem - ou de forma geral, todo tipo de trabalho que depende apenas de você e sua disponibilidade e conhecimento. Ou seja, o problema do crescimento. Quero dizer, existe um limite ao número de palestras presenciais que você pode dar por dia, semana ou mês - primeiro porque você não pode se desdobrar e estar em múltiplos lugares ao mesmo tempo (mesmo que o metaverso possa futuramente nos ajudar com isso), e segundo, porque viajar demais tem um preço alto em sua saúde, bem-estar, relações…enfim, prende a sua liberdade. Mesmo assim, quebrava a cabeça tentando entender como crescer, crescer, crescer. Era subindo os preços? Era migrando para palestras online? Lançando novos produtos digitais? Eram noites sem dormir pensando nisso. Ao longo do tempo, porém, percebi que esse esforço de crescer vinha às custas da minha liberdade, e que talvez, assim como eu me coloquei um objetivo de faturamento mínimo, fazia sentido colocar um objetivo de faturamento máximo! Além disso, percebi que como que minha estrutura de custos era tão baixa (tenho uma equipe de freelancers pequena, todas as logísticas são por parte de clientes e o comercial é minha agência que faz), os lucros que eu obtinha eram muito maiores do que qualquer negócio. Comecei a olhar mais para lucros do que receita. Comecei a ter de volta a minha liberdade. Essas, e outras decisões, são as que eu entendi serem para criar o que eu hoje chamo de “Solo Business Model”, mas que nos EUA chamam também de One Person Business Model, que inclusive está sendo cada vez mais acelerado pela IA.
Vamos ouvir uma frase do Paul Jarvis, escritor best-seller do livro "Business of One”, que é um dos meus preferidos, e que nos explica a relação entre estruturas enxutas de empresas, e liberdade. Ouça só no vídeo a seguir e não se esqueça de ativar as legendas do YouTube.
“Muitos de nós entramos no negócio por conta própria porque queremos ter mais liberdade - e isso parece muito bom porque é por isso que gerencio um negócio. Mas então entramos nisso e nas burocracias de administrar um negócio e então pensamos: “Oh, isso tem que ser legítimo - não sei o que significa legítimo, é por isso que estou citando - mas tenho que administrar um negócio legítimo, então é por isso que preciso ter um escritório, depois funcionários, folha de pagamento e um CFO, e é como se começássemos um negócio com essas intenções de querer mais liberdade, e continuamos adicionando mais armadilhas e mais responsabilidade no negócio porque queremos legitimá-lo, ou achamos que é assim que um negócio deve funcionar, então vou continuar adicionando mais porque aparentemente mais é melhor, e a mensagem do livro é que mais não é necessariamente o subproduto de sucesso nos negócios, ou não precisa ser. A liberdade pode ser o subproduto do sucesso nos negócios, porque quando você tem sucesso, deve ter a liberdade de escolher: esse crescimento faz sentido para mim: talvez faça, talvez não, talvez impeça minha liberdade e então eu posso dizer não a isso e posso me sentir melhor em dizer não a essa oportunidade ou a esse crescimento porque é desafiador ou atrapalha a liberdade que quero ter na minha vida, a liberdade que quero que o negócio me dê”.
Em um episódio do podcast do Joe Rogan, Naval Ravikant, um empresário indiano-americano e co-fundador da AngelList, disse que vislumbra um futuro onde não haverá mais relações de trabalho duradouras e exclusivas, mas onde as empresas contratarão fundamentalmente de forma 100% virtual e em tempo real, por projeto ou por problema a ser resolvido. Os colaboradores estarão disponíveis em plataformas de recrutamento, onde as candidaturas irão corresponder às necessidades da empresa e às competências do candidato.
Em outras palavras, uma especialista em privacidade de dados pode acordar de manhã e abrir seu celular para encontrar notificações de empresas que desejam contratá-lo para o dia, semana ou mês, com base em seus desafios e projetos específicos. Uma empresa pode querer apenas que o profissional revise um importante acordo de compartilhamento de dados com um parceiro deles, outra pode querer que ela participe de uma importante reunião estratégica do conselho e uma terceira pode querer que ela lidere um projeto para reescrever os termos e condições para sua plataforma de e-commerce. Ela vê o salário correspondente para cada trabalho, decidindo aceitar o segundo e recusar os outros. Em seguida, ela o adiciona à sua lista de tarefas e responsabilidades do dia. Isso é muito parecido com muitas das plataformas freelancers hoje, mas imagine se esse fosse o formato de contratação padrão para todas as empresas em todos os mercados e setores. A tecnologia hoje pode capacitar a mobilidade profissional ao combinar funcionários e empresas de uma forma muito deliberada, isso é fato.
Ao mesmo tempo, a tecnologia (em particular a IA) está permitindo o crescimento não tanto dessas profissões, mas sim de um novo modelo de negócio atrás dessas profissões - onde em vez de ter que monetizar através de salário (trocando o seu tempo por dinheiro), a monetização é pelo seu conhecimento (trocando ele por dinheiro), onde você consegue lucrar mais ganhando de volta o seu tempo (usando a tecnologia para automatizar processos e criar conteúdo em seu lugar). Confuso? Vou me explicar melhor.
Profissões baseadas em conhecimento - como palestrantes, consultores, advogados, e afins - poderão migrar seu modelo de negócio para o que eu chamo de “Solo business model”, que é uma forma de gerenciar negócios que priorizam a liberdade financeira e não só.
Eu sei que você deve estar pensando “Mas Andrea, eu já estou livre!”. Hummm pense bem se é assim mesmo: a verdade é que somos muito menos livres do que pensamos.
A verdade é que, apesar de tecnicamente livres, as pessoas na sociedade moderna não são verdadeiramente livres porque estão presas à necessidade de trabalhar e pagar por necessidades e luxos.
Por exemplo, o filósofo Jean-Paul Sartre argumentou que as restrições da sociedade e a necessidade de trabalhar para ganhar a vida podem levar a um sentimento de alienação e falta de verdadeira liberdade. Segundo Sartre, os seres humanos são seres inerentemente livres, mas as exigências da sociedade podem restringir essa liberdade e levar a um sentimento de infelicidade e frustração.
Um filósofo fictício, Tyler Durden do Fight Club, nascido da mente do autor Chuck Palahniuk, costumava dizer que "é somente depois que perdemos tudo que somos livres para fazer qualquer coisa”. Vê a relação inversa entre liberdade e posses materiais?
Você pode dizer então: se eu não tiver nada, serei feliz. Não é isso não. Vejamos a pirâmide de necessidades de Maslow: satisfazer as necessidades mais básicas não nos deixa felizes, apenas garante que não somos extremamente miseráveis. Mas quanto mais você sobe, as necessidades são menos materiais e mais intangíveis: de modo que podemos dizer como um fato que o impacto marginal das posses materiais na felicidade tem retornos decrescentes.
E de onde vem a principal fonte da falta de liberdade moderna? Bom, vem do fato de que “alugamos” nosso tempo a empresas que nos recompensam com (sejamos honestos, não muito) dinheiro. Você não pode ganhar pelo tempo que dedica, pois nunca estará livre de seu tempo, mas sim escravo de sua agenda.
Pense em todas as vezes que alguém te pergunta por que você não vai à academia, por que você não faz trabalho voluntário, por que você não cozinha em casa, por que você não vai visitar sua mãe...O que você diz? “Não tenho tempo para isso”.
Você não percebe que o tempo é o verdadeiro ouro de nossa era? Uma época em que estamos constantemente com pressa, mas onde, graças à tecnologia para a qual você vai terceirizar boa parte do seu trabalho, você pode recuperá-la colocando seu dinheiro para trabalhar para você (e não você trabalhar para o seu dinheiro).
Pense em como o uso de IA nos pode poupar tempo no dia a dia: primeiro, através da automação de tarefas repetitivas. No meu caso, muitas réguas de CRM na minha relação com cliente, é feita através de ferramentas de IA. Isso me traz tempo de volta. Segundo, através da criação de conteúdo. Usando ferramentas como Chat GPT e Mid Journey, eu consigo criar conteúdo extenso em muito menos tempo: por exemplo consigo criar 12 peças de redes sociais apenas na manhã de minhas sextas feiras, o que era inimaginável no passado, sem ferramentas de IA. E terceiro, mas não menos importante, o uso de IA para tomar decisões: muito tempo era gasto em coletar dados, em analisá-los e tomar decisões…agora fica tudo muito mais rápido pois muito disso está na mão da IA.
Percebe que a IA é uma enorme aliada em nos ajudar a ter tempo de volta, e criarmos nosso Solo Business Model?
O Dan Koe, que é outro criador que fala sobre esse tema além do Paul Jarvis, chega a advogar pelas 4-hours workdays, onde ele só trabalha 4 horas por dia, sem abrir mão do resultado. Ok, ele poderia crescer mais se trabalhasse 8 ou até 12 horas por dia? Poderia, mas ele quer? Não quer. E hoje eu entendo o porque.
Como eu disse no exemplo de abertura, essa busca desenfreada por crescimento estava tendo um preço em minha saúde, meus relacionamentos e afins, e sabe o que? Eu não precisava daquele dinheiro todo! Eu não preciso de uma equipe maior! E foi assim, que eu vim com alguns pilares desse conceito de Solo Business Model, que vou compartilhar aqui:
- O solo business model prioriza lucratividade a crescimento e receita
- O solo business model coloca objetivos de lucro mínimo, mas também de lucro máximo. Lucro excessivo vai vir com custos
- O solo business model prioriza que todos possam ser empreendedores a geração de empregos
- O solo business model terceiriza para a tecnologia a criação de conteúdo e as tarefas mais repetitivas e chatas
- O solo business model prioriza trabalhar menos horas e obter um lucro mais por hora trabalhada, do que trabalhar mais horas para crescer e faturar mais
- O solo business model não usa nenhum tipo de alavanca financeira para crescer, pois dívida è inimiga da liberdade
- O solo business model prioriza canais de aquisição orgânicos de clientes a mídia paga
Eu sei que muitos desses pontos podem soar polêmicos ou mesmo controversos. Um teto ao crescimento? Uma despriorização da geração de empregos? Sem alavanca para crescimento? Afinal a priorização da lucratividade é exatamente a tese oposta as milhares de start-ups que levantam fundos para crescer, crescer, crescer sem lucros…até implodir, como aconteceu com muitas delas (e as que não implodiram e hoje são lucrativas, essa fase de crescimento veio a quais custas?).
Mas atenção: não estou dizendo que não precisamos de empresas e modelos de negócio assim, estou apenas dizendo que para quem priorizar liberdade a receitas e crescimento, tem um modelo novo, “powered by technology and AI”, que nos ajuda a reencontrar um equilíbrio profissional que acho que se perdeu muito ao longo do tempo.
O que você precisa fazer para fazer esse Solo Business Model funcionar? Fundamentalmente é reduzir ao máximo a sua estrutura de custos através da tecnologia e de canais de aquisição orgânicos como uma audiência engajada através de seus conteúdos de qualidade (pense bem: custos de aquisição de usuário são custos variáveis, e diminuem a sua lucratividade. Ou você acha que geram muito lucros aqueles lançamentos de infoprodutos que geram milhões em receita? Porque será que eles nunca falam em lucro?) , e alcançar uma alta lucratividade.
Boa parte desses lucros, você reinveste em fontes de renda passiva (como no meu caso, renda fixa ou até apartamento no Airbnb): o objetivo é que você chegue em um nível onde a sua renda passiva mensal cubra os seus gastos mensais - que é importantíssimo- não aumentem proporcionalmente a seu aumento em lucros…pense bem: se você gasta mais na medida que ganha mais (que é o que a maioria das pessoas fazem), nunca será livre!
Se você quiser liberdade, abrace esse modelo de negócio e…seja feliz! Até porque Aristóteles já dizia, na Antiga Grécia, que a situação de maior correlação com felicidade é a liberdade. Ele já sabia das coisas…
Se você tem interesse em conhecer melhor como podemos ajudar você a acelerar ou lançar sua carreira como palestrante, nos contate:
LinkedIn: https://www.linkedin.com/in/andreaiorio/
Instagram: https://www.instagram.com/aiorio_br/
Website: andreaiorio.com
