Recentemente me deparei com um estudo global da Deloitte sobre as tendências no mercado de trabalho. Fiquei bem impressionado sobre as expectativas das gerações mais novas: 43% dos Millennials preveem deixar o próprio emprego em até 2 anos (e apenas 28% pretende ficar mais de 5 anos no mesmo emprego). Para a Geração Z (nascidos a partir do fim dos anos ’90), o número é ainda mais alto: 61% preveem deixar o emprego nesse prazo.
A primeira pergunta que me fiz foi, brincando: “Eu sou um Millenial, e estou alcançando os 5 anos na mesma empresa: devo me preocupar?”.
A segunda foi: “Será então que o mercado de trabalho está levemente mudando?”
Isso é evidente.
A verdade é que O MUNDO ESTA MUDANDO.
Estamos no meio da 4a Revolução Industrial, que é na verdade a Transformação Digital, caracterizada pela combinação de tecnologias que estão juntando as esferas físicas, digital e biológica – e que pode levar a Singularity, o momento em que os avanços da tecnologia irão render as maquinas mais inteligentes que as pessoas (segundo o Ray Kurtzweil, futurista e diretor de Engenharia no Google, esse momento deve acontecer em 2045).
O avanço da tecnologia não está mais linear mas sim exponencial, a sociedade está altamente fragmentada assim como o cenário politico - e essa transformação gerou o famoso cenário VUCA: volátil, incerto, complexo e ambiguo.
Momentos de crise apresentam enormes oportunidades, claro, mas ao mesmo tempo enormes desafios: sobre nosso papel no mercado de trabalho, sobre a maneira que absorvemos conhecimento, sobre como lidar com pessoas.
Tudo isso é reforçado pelo que a teoria das relações liquidas do Zygmunt Bautmann, que relata que a tecnologia baixou as barreiras para interação nessa sociedade, previu: as plataformas digitais rendem possível busca de emprego, e busca de talentos, com enorme rapidez.
Nesse cenário VUCA, a maioria dos Millenials mostram uma necessidade de serem confortados, pois estão pessimistas sobre a perspectiva de progresso politico e social, e expressam preocupação com igualdade social, inclusão, e sustentabilidade ambiental e econômica.
TUDO ISSO GERA UM DESCOLAMENTO ENORME ENTRE AS EXPECTATIVAS DAS NOVAS GERACOES, CRESCIDAS NO MUNDO DIGITAL, E AS EMPRESAS MAIS TRADICIONAIS QUE NAO SE ADAPTARAM AINDA.
Por isso, o leque de competências que o setor de RH precisa reconhecer e desenvolver nesse cenario é totalmente diferente do passado, assim como as prioridades do trabalhadores de hoje são diferentes do que antes.
O que é IMPORTANTE para os trabalhadores nesse cenário?
A mesma pesquisa aponta os top 5 elementos:
1 - remuneração (nenhuma surpresa);
2 - uma cultura positiva de empresa (isso também é algo que já se fala há muito tempo).
Tudo bastante obvio até agora.
MAS agora vem a parte interessante:
3 - flexibilidade (de horários, de localidade, de tarefas, etc)
4 - oportunidades de desenvolvimento (particularmente de soft skills, como capacidade de se relacionar, autoconfiança, ética, e pensamento critico)
5 - diversidade (de todas as formas).
O que isso nos conta?
Os primeiros 2 são fatores chaves para ATRACÃO de talentos
E VIMOS QUE AQUI NAO ESTA O PROBLEMA, porque são temas que as empresas já gerenciam bem (se bem que cultura ainda mais ou menos).
Os últimos 3 são fatores chaves da LEALDADE, ou, migrando para os termos do mundo digital, RETENÇÃO.
É AQUI QUE ESTA O PROBLEMA, E É AQUI ONDE AS EMPRESAS PRECISAM SE ADAPTAR.
Podemos até ser bons a fazer propostas atrativas para os talentos, mas ainda não temos um ambiente de trabalho pronto para retê-los.
Fazendo um paralelo com o mundo Mobile, é comprovado que em até 3 dias, 80% dos usuários que baixaram teu app hoje vão desinstala-lo em até 3 dias.
Não com a mesma rapidez, mas o mesmo está acontecendo no mercado de trabalho. Rotatividade muito alta Temos que nos transformar com urgência!
A transformação digital está mudando também o leque de competências que são importante para se sobressair e ter sucesso nesse cenário. Para os recrutadores então, quais são as características olhar num potencial candidato?
- FLEXIBILIDADE COGNITIVA (a capacidade de nosso cérebro pensar em múltiplos conceitos contemporaneamente, e de transitar entre diferentes áreas do conhecimento com rapidez)
- PENSAMENTO CRITICO (a atitude de desafiar o status quo, e encontrar as lacunas em produtos, processos, e mercados. Até porque se a gente achar que as coisas estão bem como estão, nos estamos totalmente enganados).
- ESPECIALISTA EM COMPORTAMENTO HUMANO (o motivo número 1 de fracasso de start ups é a falta de suficiente demanda: para seu produto ou serviço, é importante uma análise socioeconômica, psicológica que vai além dos números. É preciso sensibilidade)
- ALTRUÍSMO DIGITAL (alguém que coloque o ser humano ao centro da experiência de negócio, e realmente tenha o propósito de ajudar as pessoas. Alguém que não se prenda a B2B, B2C ou modelos tradicionais de negócio, mas foque no H2H,)
- MOVIDO A METAS (tudo é quantificável, e sem resultado, nos não vamos para lugar nenhum).
Se a gente não reconhecer essas características e não se adaptar, vamos perder as enormes oportunidades que esse cenário proporciona.
Posso dizer esses ultimos 4 anos de Tinder aprendi muito.
Focado em criar um ambiente de trabalho baseado em flexibilidade, desenvolvimento e foco no lado humano, nos conseguimos montar um time global de profissionais, e seres humanos, com uma mente FLEXÍVEL, com uma mente INOVADORA, e com uma mente DO BEM.
O Mesmo se aplica ao Zen.
O mesmo se aplica ao Filmr.
O mesmo é importante que você faça.
O seu desafio é criar esse ambiente de trabalho flexível que valoriza diversidade e fornece desenvolvimento pessoal, para trazer e reter as melhores pessoas para sua empresa.
Estamos falando de fatos, e não de hipóteses.
Estamos falando de experiencias reais, e não de possibilidades.
Porque ao final,
Não é o quanto a pessoa é inteligente, é o quanto sabe se adaptar.
Não é o quanto é talentosa, é o quanto o código mental é flexível.
Não é quanto você paga seu funcionário, é quanto você o desenvolve.
VALORIZEMOS MAIS os gaps no curriculum
Valorizemos as experiencias fora do comum.
Valorizemos as pessoas que questionam, que desafiam as próprias crenças, e que nem sempre escolhem o caminho mais fácil.
VALORIZEMOS os insucessos, até porque o sofrimento é o agente incentivador de mudança preferido pela natureza.
Para encerrar, quero resgatar a pesquisa da Deloitte e mencionar o que acho ser o resultado mais importante: essa nova geração de trabalhadores valoriza mais os líderes que estão comprometidos em ter um impacto positivo na sociedade.
SEJA UMA DELES.
Só assim vai chamar a atenção dos melhores.