Por Andrea Iorio
Quem acompanha minhas publicações do meu site pode ter notado que ultimamente tenho escolhido temas que abordam diretamente o universo deste novo mundo de realidade virtual 3D, assim como nossa adaptação perante a ele como profissionais e líderes dos mais variados setores.
Em minhas leituras me deparo regularmente com um espectro da audiência da internet que considera o metaverso uma “moda” ou algo que não irá perdurar por muito tempo no mundo dos negócios e tecnologia.
Se existe algo que a humanidade nos ensinou foi a aprender com a nossa própria história, então todas as questões que estamos vivenciando hoje com a explosão do assunto “metaverso” é algo que já vivenciamos muitas e muitas vezes com outras novidades do mercado que eram desacreditadas e estavam fadado ao fracasso.
Ninguém acreditava nos carros, assim como a Blackberry não acreditava na força dos smartphones focados em telas maiores, – e olha no que deu.
Existe uma citação famosa atribuída a Henry Ford que talvez você já tenha lido. Supostamente ele teria dito: “se eu tivesse perguntado às pessoas o que elas queriam, elas teriam dito cavalos mais rápidos”.
Ou seja, os clientes podem descrever facilmente um problema que estão tendo – neste caso, querendo chegar a algum lugar mais rápido – mas não a melhor solução e talvez apresentar a ideia de uma grande lata de quatro rodas naquela época seria equivalente a ser chamado de louco por investidores de cavalos, carruagens e carroças.
Outro caso bastante conhecido é o da empresa Blackberry. No início dos anos 2000, a Blackberry era a empresa dominante no mercado de smartphones chegando a controlar 43% do mercado de smartphones nos EUA e 20% globalmente. No entanto, a empresa não acreditava em aparelhos de smartphones feitos somente de telas, sem o acompanhamento de teclados.
Hoje, sabemos que o iPhone da Apple e o sistema operacional Android do Google dominam o mercado, enquanto a Blackberry descontinuou a fabricação de aparelhos móveis e hoje atua com sistemas cibersegurança para empresas.
O declínio da BlackBerry tornou-se um estudo de caso sobre o que acontece quando uma gigante da tecnologia não consegue inovar em um mercado de tecnologia de consumo que evolui a uma velocidade exponencial.
Alguns dizem que a BlackBerry não “previu” que os consumidores conduziriam a revolução dos smartphones. Como líder, eu discordo. Eles tinham todas as informações ao alcance para entender o comportamento do novo mercado e se recusaram a acreditar nisso.
A verdade é que os smartphones evoluíram de meros dispositivos de comunicação para se tornarem centros de entretenimento móvel completos e as lideranças que escolheram não seguir com a evolução, hoje estão completamente fora do mercado de telefonia móvel. Por que é isso que o metaverso é: uma evolução, e não uma revolução.
Assim como os smartphones, o metaverso não surgiu do nada. O metaverso foi descrito e nomeado pela primeira vez há quase 30 anos – mas ainda estamos nos primeiros dias de entendimento desse novo centro de relações e negócios.
Alguns exemplos de como essas novas tecnologias feitas para os negócios estão convergindo de forma a serem utilizadas dentro do metaverso são mencionadas em uma publicação da PwC: “Hoje, a tecnologia em nuvem está abordando o poder de processamento e o armazenamento para dar suporte à realidade estendida e às interfaces imersivas. A IA está ajudando a criar reflexões digitais que combinam visão computacional, fala e aprendizado profundo para oferecer aos usuários experiências que parecem reais. A descentralização das finanças e da economia, apoiada pelo blockchain, está possibilitando sistemas financeiros parcialmente automatizados. Por fim, os consumidores nativos digitais e o impacto da pandemia nos hábitos de consumo estão despertando a demanda pelos produtos e experiências virtuais que o metaverso oferece.”
Falei um pouco sobre a importância de valorizar e estar a frente deste mercado em crescimento. Todavia, tão importante quanto entender o metaverso antes de adentrar em suas possibilidades de negócios é estar preparado para liderar tanto no metaverso quanto na busca e mapeamento de novas soluções, proposta de valores e modelos operacionais, e até mesmo no desenvolvimento de times capacitados para lidar com esse tipo de tecnologia que se renova a cada dia.
Segundo estudo “Meet Me in the Metaverse” publicado pela consultoria Accenture, “já existe uma escassez significativa de talentos em tecnologia, e isso só se torna mais grave à medida que as tecnologias e as habilidades associadas a elas se tornam mais avançadas. É preciso criar uma estratégia de pessoas que priorize identificar, adquirir e desenvolver essas habilidades. As empresas que não começam a competir por esse talento logo estão se preparando para ficar para trás.”
Respaldado pela visão descrita na publicação acima, posso dizer que não poderia concordar mais. A verdade é que os líderes com visão de futuro já estão começando.
Mas, como?
Qualquer liderança que esteja convicta de seu compromisso com o metaverso já iniciou uma varredura de mercado e tecnologia para entender o que está evoluindo hoje e como isso pode afetar ou interromper os esforços digitais atuais.
Neste processo, colaboradores, líderes e ecossistemas de empresas estão impulsionando novas linhas de negócios, novas formas de trabalhar e novos meios de interação entre empresas e pessoas. Para a maioria, esta é a primeira e melhor chance que eles já tiveram de arquitetar um novo tipo de mundo digital – e a corrida para defini-lo, construí-lo e povoá-lo começou.