{"id":2764,"date":"2022-01-12T11:47:04","date_gmt":"2022-01-12T14:47:04","guid":{"rendered":"https:\/\/andreaiorio.com\/?p=2764"},"modified":"2022-01-12T11:47:05","modified_gmt":"2022-01-12T14:47:05","slug":"como-tomar-decisoes-mais-assertivas-na-era-da-abundancia","status":"publish","type":"post","link":"https:\/\/andreaiorio.com\/blog\/como-tomar-decisoes-mais-assertivas-na-era-da-abundancia\/","title":{"rendered":"Como tomar decis\u00f5es mais assertivas na era da abund\u00e2ncia?"},"content":{"rendered":"\n

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Imagine que voc\u00ea \u00e9 o cientista de dados na sua companhia, e a Diretoria te pediu um relat\u00f3rio para tomar uma decis\u00e3o estrat\u00e9gica muito importante, que pode mudar o rumo da sua empresa. Voc\u00ea tem algumas formas de abordar este relat\u00f3rio, e est\u00e1 indeciso entre 3 formatos. Qual dos seguintes 3 formatos voc\u00ea escolhe?<\/p>\n\n\n\n

  1. voc\u00ea coloca o m\u00e1ximo de dados e KPIs, em seus valores absolutos, para que a diretoria tenha o m\u00e1ximo de dados a disposi\u00e7\u00e3o para tomar sua decis\u00e3o;<\/li>
  2.  voc\u00ea coloca o m\u00e1ximo de dados e KPIs no relat\u00f3rio, mas em porcentagens, para demonstrar mais claramente as mudan\u00e7as que afetaram o neg\u00f3cio nos \u00faltimos tempos;<\/li>
  3. voc\u00ea seleciona alguns dados e KPIs importantes e n\u00e3o coloca tudo no relat\u00f3rio, colocando os KPIs importantes em pontos porcentuais e colocando ao lado um insight de uma poss\u00edvel causa desta variabilidade (segundo sua interpreta\u00e7\u00e3o da m\u00e9trica)<\/li><\/ol>\n\n\n\n

    Qual caminho voc\u00ea escolhe?<\/p>\n\n\n\n

    Veja bem: n\u00e3o tem resposta certa nem errada, mas se trata apenas de um exerc\u00edcio mental que inclusive ser\u00e1, de alguma forma, respondido com o conte\u00fado do epis\u00f3dio que ir\u00e1 trazer sim uma frase do autor. Do meu lado, j\u00e1 pode imaginar que acredito o certo ser a op\u00e7\u00e3o 3, pois afinal a lideran\u00e7a precisa de dados refinados e transformados em informa\u00e7\u00f5es e insights, e as vezes dado demais pode at\u00e9 confundir. Por isso precisamos nos responsabilizar para saber entender hierarquias e categorias de dados, para evitar ficarmos confusos diante a tamanho volume de dados. A verdade \u00e9 que na era da abund\u00e2ncia ficou mais dif\u00edcil tomar decis\u00f5es, e este epis\u00f3dio trata justamente deste tema, analisando uma fala do Naval Ravikant. <\/p>\n\n\n\n

    O Naval \u00e9 fundador e CEO do AngelList, al\u00e9m de grande fil\u00f3sofo e pensador moderno sobre tecnologia e investimentos. Ele ficou famoso por seus tweet storms sobre Riqueza e Felicidade, que analisamos no epis\u00f3dio 57 do meu podcast, o Metanoia Lab, mas j\u00e1 que tamb\u00e9m \u00e9 um grande investidor, pode ter certeza que ele sabe tomar decis\u00f5es de forma muito assertiva. E \u00e9 justamente deste tema, de como tomar decis\u00f5es na era da abund\u00e2ncia digital e de acesso infinito a informa\u00e7\u00f5es, que o Naval nos fala nesta pr\u00f3xima frase:<\/p>\n\n\n\n

    “Primeira coisa \u00e9, se eu tenho que tomar uma decis\u00e3o dif\u00edcil, como por exemplo “Devo me casar com essa pessoa, ou devo aceitar este emprego, ou devo comprar essa casa, ou devo me mudar para esta cidade, ou devo fazer neg\u00f3cios com esta pessoa”, se voc\u00ea n\u00e3o pode decidir, a sua resposta \u00e9 n\u00e3o, e a raz\u00e3o \u00e9 que a sociedade moderna est\u00e1 cheia de op\u00e7\u00f5es, tem muitas e muitas op\u00e7\u00f5es. Vivemos em um planeta de 7 bilh\u00f5es de pessoas, estamos conectados com todo mundo pela internet, tem centenas de milhares de profiss\u00f5es e carreiras dispon\u00edveis para voc\u00ea, tem tantas escolhas, mas voc\u00ea n\u00e3o est\u00e1 biologicamente preparado para assimilar todas estas op\u00e7\u00f5es que existem, porque evolu\u00edmos em tribos de at\u00e9 150 pessoas, onde se voc\u00ea n\u00e3o escolher a primeira op\u00e7\u00e3o, a segunda \u00e9 a \u00fanica que acontece. Tamb\u00e9m, porque quando voc\u00ea escolhe algo, voc\u00ea fica preso por muito tempo. Se voc\u00ea come\u00e7ar um neg\u00f3cio, s\u00e3o dez anos, se voc\u00ea come\u00e7ar uma rela\u00e7\u00e3o, s\u00e3o 5 anos, talvez mais, se voc\u00ea se mudar para uma cidade, s\u00e3o 10 ou 20 anos, ent\u00e3o essas s\u00e3o decis\u00f5es de muito longo prazo, e por isso \u00e9 muito importante que voc\u00ea diga sim quando voc\u00ea est\u00e1 bastante seguro. Voc\u00ea nunca vai estar 100% seguro, mas voc\u00ea ter\u00e1 uma certeza boa”. <\/h3>\n\n\n\n

    Alguns anos atr\u00e1s, comecei a me aventurar no mundo dos investimentos, e decidi procurar oportunidades para me tornar investidor anjo em start-ups de aplicativos. <\/p>\n\n\n\n

    Afinal, eu trabalhava no Tinder e entendia bastante de criar, escalar e monetizar aplicativos mobile, e foi assim que comecei a me relacionar com startups e fundadores no mercado, para ver o que podia acontecer.<\/p>\n\n\n\n

    Ao longo dos dois anos seguintes eu investi em 4 aplicativos: o Zen, de medita\u00e7\u00e3o, o Filmr, de edi\u00e7\u00e3o de videos, o Scorp, uma rede social da turquia que era meio que precursor do TikTok, e no BrotherTongue, uma aplica\u00e7\u02dc\u00e5o de aprendizado de idiomas com intelig\u00eancia artificial. <\/p>\n\n\n\n

    Nos primeiros dois casos, do Zen e do Filmr, eu tinha a certeza de que queria ser investidor: ao olhar os n\u00fameros, o time de fundadores, e o produto em si, a resposta a minha pergunta era um sonoro “Sim”. <\/p>\n\n\n\n

    Nos \u00faltimos dois, do Scorp e do BrotherTongue, j\u00e1 era um “Bora l\u00e1, vamos nessa”. Porque isso? Porque eram aplicativos de amigos em que eu confiava, e mesmo n\u00e3o tendo 100% certeza que eu queria investir, eu fui na onda deles pois me convenceram a ser investidor. Ou seja, neste caso eu n\u00e3o soube dizer n\u00e3o. <\/p>\n\n\n\n

    Resultado? Enquanto o Zen e o Filmr foram aplicativos que deram muito certo seja em termos de crescimento de mercado, e em termos de retorno para mim como investidor, sendo que ambos fizeram exit, o Scorp e o BrotherTongue foram um fracasso. <\/p>\n\n\n\n

    E voc\u00ea vai at\u00e9 poder me dizer: Andrea, mas isso pode ser um acaso s\u00f3, o que isso tem a ver com o que o Naval falou em cima?<\/p>\n\n\n\n

    A verdade \u00e9 que tem tudo a ver: ou seja, diante da indecis\u00e3o de escolhas importantes como essas, \u00e9 sempre melhor dizer n\u00e3o do que sim. E eu vivi isso na pele.<\/p>\n\n\n\n

    A gente vive isso na pele todos os dias. <\/p>\n\n\n\n

    Na hora de contratarmos uma nova pessoa de nosso time: as vezes dizemos sim para algu\u00e9m mesmo n\u00e3o estando 100% convencidos, e qual a consequ\u00eancia disso? Nos vinculamos por um longo prazo com um colaborador que n\u00e3o necessariamente precisava estar l\u00e1 conosco.<\/p>\n\n\n\n

    Na hora de aprovarmos projetos: as vezes dizemos sim para algo mesmo que n\u00e3o acreditemos no retorno, s\u00f3 para demonstrar servi\u00e7o ou para fazer algu\u00e9m feliz, e depois ele se torna t\u00e3o caro de pausar que voc\u00ea vai empurrando com a barriga pois os “sunk cost”, ou seja os custos irrecuper\u00e1veis, s\u00e3o altos demais. <\/p>\n\n\n\n

    O problema disso tudo?<\/p>\n\n\n\n

    \u00c9 que ainda mais na era digital, ou seja a era da abund\u00e2ncia, tomada de decis\u00e3o assertiva \u00e9 a cada vez mais cr\u00edtica e se n\u00e3o aprendermos algumas heur\u00edsticas, ou seja processos cognitivos<\/a> empregados em decis\u00f5es n\u00e3o racionais, ou ainda melhor estrat\u00e9gias que ignoram parte da informa\u00e7\u00e3o com o objetivo de tornar a escolha mais f\u00e1cil e r\u00e1pida, n\u00f3s iremos correr o risco de tomar as decis\u00f5es erradas…algu\u00e9m disse regras, ou modelos decis\u00f3rios? <\/p>\n\n\n\n

    Quem lembra do conceito de alavanca, de multiplicadores, que falamos no epis\u00f3dio 57? Pois veja bem: a qualidade de nossas decis\u00f5es \u00e9 fundamental na era moderna, porque todos n\u00f3s somos alavancados. Voc\u00ea pode se alavancar por meio de c\u00f3digo, audiencia, m\u00eddia, capital, trabalho e outras formas. Se voc\u00ea for inteligente, voc\u00ea aproveita cada decis\u00e3o que toma.<\/p>\n\n\n\n

    Se Warren Buffett tomar a decis\u00e3o certa 85% das vezes e seus concorrentes acertarem 70% das vezes, Buffett ganhar\u00e1 muito mais dos outros. Essa \u00e9 uma fonte de sua for\u00e7a: boa tomada de decis\u00e3o. Ele toma uma ou duas importantes decis\u00f5es por m\u00eas, e pela maior parte do tempo ele fica lendo livros, pensando, jogando bridge, viajando e jogando golfe.<\/p>\n\n\n\n

    Mas porque \u00e9 t\u00e3o dificil tomarmos decis\u00f5es na era da abundancia de informa\u00e7\u00f5es? Porque justamente como diz Naval, se na epoca das tribos nos tinhamos apenas um par de op\u00e7\u00f5es, hoje temos infinitas op\u00e7\u00f5es. <\/p>\n\n\n\n

    Isso n\u00e3o \u00e9 necess\u00e1riamente ruim como ponto de partida: estudos t\u00eam mostrado que as pessoas gostam de ter muitas escolhas. D\u00e9cadas de teoria psicol\u00f3gica e pesquisa demonstraram que dar \u00e0s pessoas a capacidade de escolher aumenta sua motiva\u00e7\u00e3o intr\u00ednseca, controle percebido, desempenho de tarefas e satisfa\u00e7\u00e3o e felicidade gerais com a vida. Mas muitos desses estudos fizeram um outro experimento, ou seja dar \u00e0s pessoas apenas um n\u00famero limitado de op\u00e7\u00f5es, que elas podiam diferenciar e avaliar facilmente. A pesquisa mostra que, \u00e0 medida que o n\u00famero de op\u00e7\u00f5es aumenta, tamb\u00e9m aumenta o n\u00edvel de complexidade da pr\u00f3pria decis\u00e3o. Embora as pessoas sejam inerentemente atra\u00eddas por ter muitas op\u00e7\u00f5es, quando se trata de realmente escolher entre um grande n\u00famero de op\u00e7\u00f5es, as pessoas muitas vezes ficam paralisadas e incapazes de tomar uma decis\u00e3o. <\/p>\n\n\n\n

    A verdade \u00e9 que De acordo com Sheena Iyengar, professora de neg\u00f3cios da Universidade de Columbia, a tomada de decis\u00f5es envolve tr\u00eas tarefas mentais distintas:<\/p>\n\n\n\n