“Uma grande parte do crescimento pessoal envolve nos colocarmos em situações desafiadoras. No entanto, muitos de nós evitamos isso para evitar a possibilidade de constrangimento”, diz Adam Grant. Ele menciona Benny Lewis, alguém que tinha muita dificuldade em aprender idiomas na escola. Hoje, Benny fala dez idiomas, após perceber que sua resistência ao aprendizado era motivada pelo medo de parecer tolo. Agora, ao viajar para novos países, ele se dedica a cometer cerca de 200 erros por dia, acreditando que a prática frequente, mesmo com falhas, acelera o processo de aprendizado.”
Benny, fundador do curso “Fluent in 3 Months”, não ensina idiomas, mas sim um método para aprendê-los. Seu sucesso reflete a filosofia de que o aprendizado se potencializa ao se abandonar o medo do erro. Na prática, ele propõe começar a usar um idioma imediatamente, sem a pressão de perfeição. Por exemplo, frases como “Eu querer ir ao supermercado” podem soar erradas, mas conseguem comunicar a mensagem e gerar confiança. É um sistema que prioriza ser compreendido e, com isso, desenvolve a confiança necessária para alcançar fluência com o tempo.
A importância de errar no aprendizado de habilidades
Esse método se aplica a qualquer aprendizado, não apenas a idiomas, mas também a habilidades técnicas e comportamentais, como as soft skills. Muitas vezes, habilidades como comunicação, resiliência e colaboração são vistas como secundárias, mas Grant reforça sua importância em seu livro “Hidden Potential” (Potencial Escondido). Sua tese central afirma que todos têm potencial para grandes realizações e, ao investir em habilidades de caráter e motivação de longo prazo, qualquer um pode alcançar seus objetivos.
Grant diferencia personalidade de caráter: a personalidade reflete nossos instintos e impulsos, enquanto o caráter representa a capacidade de escolher nossas ações com base em nossos valores. A chave para o desenvolvimento, portanto, está em praticar habilidades antes de nos sentirmos completamente prontos, enfrentando situações desafiadoras que nos forçam a crescer.
Tornando-se uma “criatura do desconforto”
Grant sugere algumas estratégias para sair da zona de conforto e aprimorar o aprendizado, como:
- Adotar novos métodos de aprendizado, mesmo que não sejam os preferidos;
- Buscar constantemente novos desafios à medida que progredimos;
- Estabelecer uma meta mínima de erros para cada dia ou semana, permitindo que o fracasso se torne parte do processo de aprendizado.
Essa busca por desconforto no aprendizado pode ser compreendida pela “Learning Zone Theory” (Teoria da Zona de Aprendizagem), modelo desenvolvido pelo psicólogo Lev Vygotsky e popularizado por educadores como Tom Senninger. Segundo essa teoria, o aprendizado ocorre idealmente em três zonas: a Zona de Conforto, a Zona de Aprendizagem e a Zona de Pânico.
- Zona de Conforto: Nela, executamos tarefas familiares e que dominamos. É uma zona de segurança, mas passar muito tempo nela limita o desenvolvimento de novas habilidades e restringe o crescimento.
- Zona de Aprendizagem: Aqui, nossas habilidades são expandidas, e assumimos riscos controlados que nos forçam a crescer. A pressão gerada é produtiva, e novos desafios se tornam, aos poucos, parte da nossa zona de conforto.
- Zona de Pânico: Esta é a zona onde os desafios são excessivos, levando ao estresse e à sensação de sobrecarga. O aprendizado não é eficaz aqui, pois o medo de falhar se sobrepõe à capacidade de absorver novas informações.
Para Grant, o segredo para o desenvolvimento contínuo está em permanecer na Zona de Aprendizagem, onde há desafios estimulantes, mas não intimidadores. A prática consistente, o enfrentamento de erros e a aceitação do desconforto se tornam os alicerces para se desenvolver plenamente. Assim, sair da zona de conforto se revela fundamental para acessar o potencial escondido de cada um de nós, abrindo caminho para o crescimento verdadeiro e sustentável.
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